Petrobras interrompe obras da fábrica em Uberaba e prejudica construção de gasoduto que ligaria Betim a cidade
Minas Gerais pode perder sua melhor oportunidade de desenvolvimento econômico, desde a instalação da montadora de automóveis Fiat, na década de 70, e só a presidente Dilma Rousseff pode evitar esse desastre. Essa foi a conclusão a que chegaram os deputados durante reunião realizada nesta terça-feira (14/7/15), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O problema é tão grave que provocou a criação de um grupo parlamentar suprapartidário para buscar, sob a liderança do governador Fernando Pimentel, uma decisão política da presidente da República que garanta a construção da fábrica de produção de amônia e derivados em Uberaba (Triângulo Mineiro), obra paralisada pela Petrobras.
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB) fez um forte apelo pela mobilização política. “A vaca já foi para o brejo, mas ainda não morreu. Ainda dá para tirá-la de lá. A ação política é o caminho. Minas elegeu Dilma, e é esse o troco que ela dá? Temos que acordar. O Estado está sendo vítima dessa gestão. Eu sei quanto custa uma tonelada de fertilizante. É cara! Podemos reduzir o preço produzindo em Minas, mas o governo federal não quer, prefere importar”, alertou.
A reunião da ALMG reuniu três comissões parlamentares: de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo, presidida pelo deputado Arantes; de Política Agropecuária e Agroindustrial; e de Minas e Energia. Também participaram o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Altamir de Araújo Rôso; o presidente da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), Eduardo Andrade; além de representantes da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), os prefeitos Paulo Piau, de Uberaba; Rui Ramos, de Pirajuba; Wladimir Azevedo, de Divinópolis; Osmando Pereira, de Itaúna, e Aílton Duarte, de Luz, e também vários vereadores.
Petrobras já investiu mais de 1 bilhão no projeto que pode virar sucata
Segundo nota emitida pela Petrobras, a obra estaria em “hibernação”, ou seja: paralisada, mesmo depois de já terem sido gastos mais de R$ 1,2 bilhão no projeto, principalmente com a compra dos equipamentos. “Nunca vi ninguém comprar os móveis antes de construir a casa”, questiona Arantes, que denuncia que a verdade é outra: “A Petrobras está desistindo de investir na área de fertilizantes e ainda culpa o governo do Estado”, alertou.
A amônia e seus derivados, como a ureia, são fertilizantes importados em grande volume pelo setor agrícola brasileiro. O Brasil importa hoje quase 70% do fertilizante usado no País. A fábrica de Uberaba poderia reverter esse quadro.
Sem a fábrica de amônia não há gasoduto
Sem a fábrica de Uberaba, o Governo do Estado afirma que é inviável construir o gasoduto de aproximadamente 500 km de extensão ligando Queluzito (Região Central) a Uberaba, um projeto que vinha entusiasmando os prefeitos das regiões Central, Centro-Oeste e do Triângulo. “A construção do gasoduto só se viabiliza com a fábrica de amônia”, afirmou o secretário Altamir Rôso.
O presidente da Gasmig, Eduardo Andrade, garantiu que o projeto de implantação do gasoduto está em dia e não é a causa da decisão da Petrobras de interromper seus investimentos.